segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Li o que tenho escrito à minha mulher. Porque o fiz? Porque é que partilhei aquilo que me custa a assumir comigo mesmo? Porque quis mostrar-lhe como consigo e sei ser honesto. Talvez sentisse necessidade de lhe mostrar  qual a linguagem que uso quando sou honesto e qual a natureza das minhas preocupações mais íntimas.
Tenho consciência que o que leu é desconcertante e algo triste. Não sei se triste é a palavra certa. Penso que não. Não há tristeza no que digo. Há verdade, nua e crua. Há coragem. Há humanidade.
Ao ouvir-me disse algo como: "não sabia que te sentias tão sozinho, lamento". Não me lembro bem das palavras exatas mas sei que a palavra "sozinho" perdurou  na sua mente.
Isso fez-me  pensar e refletir que, de facto, a forma como escrevo pode dar a entender que sou um homem só. Sim, é verdade que sou um homem só. Mas não sou um homem solitário. Sou um homem que é amado e considerado por outros.  Tenho uma mulher que se preocupa comigo e que atura as minhas neuras, uma filha que me admira, uma outra a caminho que adora a minha voz, alguns amigos que me conhecem genuinamente e uma catrefada de primos e primas, tios e tias que apreciam a minha companhia. É por isso que eu não sou solitário. Sou somente um homem só.
Sou um homem só porque é-me difícil chegar a mim, de dizer o que verdadeiramente sinto, quero e necessito. É-me difícil ser verdadeiramente honesto e justo comigo mesmo. Sou um homem só porque me isolo devido aos meus próprios conflitos.
Eu e a comunicação temos uma grande quezília em curso que ainda está para resolver.

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